É comum que os cachorros demonstrem medo ou agressividade diante de uma variedade de circunstâncias. As fobias mais frequentes em cães assustados estão relacionadas a trovões, fogos de artifício, passeios de carro e outros animais, por exemplo.
Inúmeros fatores contribuem para o desenvolvimento de um trauma e pode ser que você encontre seu cachorro assustado do nada. Para contornar essas situações, reunimos algumas dicas de como lidar com o comportamento da melhor maneira possível, destacando as principais informações sobre o assunto.
Descubra o que deixa os cães assustados
Se seu cachorro acorda assustado ou transparece medo com frequência, é extremamente importante procurar a fonte do problema para tratá-lo o mais rápido possível.
Como mencionamos, diversos fatores podem afetar o psicológico do animal. Conheça a seguir os motivos mais comuns e confira se um deles pode estar relacionado ao cotidiano de seu cão:
1. Ausência de socialização primária
Entre 8 e 16 semanas de vida, os cachorros passam por um período crucial de desenvolvimento comportamental. Por isso, os filhotes de cachorro que não são expostos a novas experiências durante esse tempo, se tornam mais propensos a possuir medos e traumas na fase adulta.
Apesar disso, os traumas desencadeados pela ausência de socialização primária podem ser remediados por meio da introdução gradual do fator que gera ansiedade, associado a técnicas de reforço positivo. Você pode, por exemplo, introduzir novos lugares, pessoas e objetos no cotidiano do cachorro assustado. Essa prática auxilia na eliminação do medo, ou, pelo menos, reduz a constância e intensidade do comportamento.
2. Predisposição genética
A predisposição genética também pode desencadear fobias. Assim como um animal pode herdar características como cor da pelagem e porte de seus pais, ele também pode receber traços da personalidade e crescer sendo um cachorro assustado.
É difícil determinar se a genética é realmente a causa oficial dos medos, mas um ponto de partida é investigar a árvore genealógica do animal, para entender o comportamento dos pais. É importante considerar também que existem características e traços de personalidade predominantes em algumas espécies. Por isso, algumas raças de cachorros costumam ser mais inquietas.
Traumas relacionados à predisposição genética podem ser difíceis de superar. No entanto, a ajuda de um especialista comportamental e o adestramento de cães podem ser práticas benéficas para sua qualidade vida, tornando a fobia administrável e garantindo mais conforto e segurança para o cachorro.
3. Associações Negativas
Experiências negativas também podem ser responsáveis pelo desenvolvimento de traumas. Se o cachorro associar uma pessoa, lugar, som, odor ou item a uma experiência ruim, é possível que ele desenvolva um medo e manifeste ansiedade ao entrar em contato com esse fator associado.
Muitas vezes, o vínculo não está relacionado ao episódio em si, mas ao lugar em que viveu e, algumas vezes, a alguma dor ou lesão física. Os traumas podem ser remediados por meio de técnicas associadas de “dessensibilização” e “contra condicionamento”, que consistem na redução da força de resposta a um estímulo, contrabalanceada por técnicas de reforço positivo.
Por isso, assim como em casos de ausência de socialização primária, a introdução de novos lugares, pessoas e objetos na rotina pode erradicar ou reduzir o medo do cachorro assustado.
Ressaltamos que é de extrema importância manter os medos do animal sobre controle, pois, em casos mais graves, o susto pode provocar convulsões e danos neurológicos permanentes.
Acalme o cachorro assustado
Existe uma comunicação visual entre os cães e seus tutores, baseada na percepção que eles têm da linguagem corporal humana. Portanto, ao conviverem conosco, eles também irão entender e se orientar por nossos gestos e comportamentos.
Para tranquilizar um cachorro assustado, o primeiro passo é estar calmo. Com gentileza, distraia-o com alguma atividade para tirar a atenção do que está causando ansiedade. Assim, você passará segurança para o cão e fará com que ele entenda que não há motivos para ficar com medo.
Se a tentativa de desviar a atenção do cachorro assustado não for bem-sucedida, aposte em outras maneiras de corrigir o problema. Confira dicas para contornar as situações mais recorrentes:
1. Fogos de artifício e trovoadas
- Acostume o cachorro ao barulho: fogos de artifício e cachorros não são uma boa combinação, mas especialistas em comportamento podem ensinar o cão que barulhos são inofensivos. É possível também utilizar gravações para acostumar o cão a sons específicos. Converse com um adestrador para entender sobre as possibilidades;
- Mantenha seu cão dentro de casa: o cachorro assustado com fogos tende a fugir e, com isso, acaba se perdendo ou se machucando. Por esse motivo, é bom mantê-lo em um local fechado e seguro durante as explosões;
- Abafe sons externos: feche as janelas e cortinas para tentar abafar o som. Toque uma música ou ligue a televisão na tentativa de garantir sons identificáveis e constantes, que mascarem o barulho aleatório dos rojões;
- Converse com um médico veterinário: se o cachorro continuar apresentando sinais de inquietação na presença de barulho de fogos de artifício, avalie a possibilidade de uma prescrição que possa acalmá-lo.
2. Pessoas e outros animais
- Se o cachorro rosnar para uma pessoa ou outro animal, mantenha-o afastado: medo e agressividade podem estar associados, principalmente quando o animal sofreu traumas episódicos ou contínuos;
- Procure atendimento especializado: encontre as melhores práticas de reforço positivo para seu animal de estimação;
- Controle da ansiedade com atividades físicas: os exercícios, como passeios e brincadeiras, liberam grandes quantidades de fatores neurotróficos cerebrais (BDNF – Brain Derived Neurotrophic Factor), que agem sobre certos neurônios do sistema nervoso e acalmam o cão;
Essas práticas podem melhorar a memória, as funções executivas e a saúde em geral. Elas também ajudam a diminuir os níveis de estresse e ansiedade e refletir positivamente no relacionamento com os medos. Além disso, atividades como passeios promovem a sociabilização do animal com pessoas e outros cães, ajudando na administração dos distúrbios comportamentais.
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Dra. Fernanda Serafim
CRMV- SP: 23.902
Veterinária